Baseado em livro de mesmo nome, “O Pintassilgo” conta a história de Theodore Decker, menino que sobrevive a um atentado terrorista em uma galeria de arte, mas perde sua mãe no local. A partir disso, ele terá que aprender a viver sozinho no mundo.
Um filme que quer ser muita coisa
“O Pintassilgo” sofre do mal da adaptação que não consegue se desapegar da obra original. Com um bom material fonte em mão, o bom roteirista Peter Straughan (O Espião Que Sabia Demais) não soube definir o que realmente valeria a pena entrar no filme. Dessa forma, acabou por manter subtramas demais, mais personagens que precisava e um desenvolvimento nada fluído entre um momento e outro na vida de seu protagonista. É como se ao invés de adaptar ao livro, ele preferiu resumi-lo.
Porém, esse está longe de ser um problema apenas do roteiro. Cabe ao montador ter consciência do que cortar e do que manter em uma obra. O que pode ser explicado pelo fato da montadora Kelley Dixon (Breaking Bad) ter feito boa parte de sua carreira na televisão, em que as histórias permitem uma narrativa bem mais demorada.
Então, “O Pintassilgo” acaba por ser um filme indeciso. Ele não sabe se quer ser um drama sobre traumas do passado, uma história de amadurecimento ou um thriller de suspense. E acaba não conseguindo se encontrar em nenhum dos gêneros. Muito disso passa pela direção de John Crowley (Brooklyn), que não sabe fazer a transição entre temas e períodos temporais de forma fluida. O que é uma grande pena, pois o longa tinha potencial para ser uma boa aposta para o Oscar.
Mas nem tudo é problema
Por sorte, “O Pintassilgo” conta com o melhor diretor de fotografia da atualidade em sua produção. Se narrativamente o filme é problemático, o mesmo não pode ser dito de seu visual. Como sempre, Roger Deakins (Blade Runner 2049) sabe usar a linguagem cinematográfica como uma forma de contar a história, não apenas como mero estilismo visual vazio. Portanto, combinada com a direção de arte e o figurino, a fotografia consegue entender a mente de seus personagens, algo que o roteiro não é capaz de fazer.
Vale um destaque também para o excelente elenco. Se o filme não funciona como uma unidade coesa, ele pelo menos tem boas cenas isoladas, tanto em construção dramática, como em momentos mais cômicos. Sobretudo com as aparições de Nicole Kidman (As Horas) e Finn Wolfhard (Stranger Things), respectivamente.
Nota: 6.0
Crítica em vídeo:
Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o longa em meu canal, o 16mm.
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: The Goldfinch (O Pintassilgo)
Data de lançamento: 10 de outubro de 2019 (2h 29min)
Direção: Ang Lee
Elenco: Ansel Elgort, Nicole Kidman, Jeffrey Wright, Finn Wolfhard mais
Gêneros: Drama, suspense
Nacionalidade: EUA