“O Grito” começa depois que uma jovem mãe mata a família em sua própria casa. Uma mãe solteira e um detetive tentam investigar e resolver o caso. Mais tarde, eles descobrem que a casa é amaldiçoada.
Reboot do Remake de O Grito
“O Grito” é um daqueles filmes que nem merece uma crítica muito longa e detalhada à respeito. Qualquer palavra sobre esse filme já é muito mais do que ele merece. Já que esse tipo de obra (sim, apesar de lamentável ele continua sendo uma obra de arte) representa o pior do cinema de estúdio que controla hollywood.
Estamos mais do que acostumados com remakes, sequências, franquias e as demais variações, que em boa parte das vezes pouco têm a agregar e servem apenas como caça-níquel. Eis que chega “O Grito”, de 2020, como um reboot de uma franquia que começou com um remake. Pode parecer confuso, mas não é. O filme original (e o único bom, por sinal) japonês recebeu um remake americano. Esse por sua vez teve sequência e se tornou uma franquia. E, quando a franquia deu tudo que tinha para dar (e já estava fazendo hora extra há tempos), alguém teve a brilhante ideia de começá-la do zero de novo. Não tinha como dar certo, é claro.
Enquanto isso, diversos cineastas surgem no cinema independente com ótimas histórias para serem contadas, mas dificilmente conseguem dinheiro para realizá-las em seu máximo potencial. No mesmo momento, Hollywood segue apostando nas mesmas franquias desgastadas, contando as mesmas histórias. Tudo por uma lógica simples: apostar no conhecido é muito mais fácil do que bancar o desconhecido.
Por isso, “O Grito” é um dos únicos filmes que eu critico com o maior prazer do mundo, já que ele é a representação dessa ideia cancerígena que tem tomado conta dos estúdios. E a Sony, prevendo o desastre, posicionou o longa em janeiro (a estreia nos Estados Unidos foi mês passado). Ou seja, no mês em que os estúdios usam como descarte para as suas bombas, pois é a época em que os americanos menos vão ao cinema, até por uma razão climática.
Clichê do clichê
Porém nada adianta eu criticar o longa sem explicar de onde parte a minha indignação. Então, vamos direto ao ponto. Esse é um longa que não se contenta apenas em ser o clichê do clichê. Apesar de todas as cenas resultarem em um (ou mais) jump scare previsível e irritante, o longa vai além. Ele atira para todos os lados buscando atingir mais público. Dessa forma, tenta (e só tenta mesmo) trazer uma construção dramática e estética (principalmente nas cenas externas e de dia) do cinema de terror psicológico independente, que vem sendo chamado por meia dúzia de gato pingado de “pós-terror” (termo sem sentido e que demonstra o total desconhecimento do gênero por parte de quem o inventou).
Entretanto, como era de se esperar, ele acaba não sendo nenhuma dos dois. E, para completar, a “grande” renovação que ele traz para o original é inchar ainda mais a trama. Personagens são criados aos montes, mas não são desenvolvidos. Cria-se diversos momentos no tempo que só bagunça mais ainda uma história já sem sentido. Com isso, a montagem caótica fica indo e voltando no tempo sem desenvolver personagens e causando sustinhos baratos.
Porque, além de tudo, os fantasmas aqui não fazem qualquer sentido. Ora são perigosos e colocam a vida dos personagens em risco, ora viram bricalhões querendo fazer pegadinhas com suas vítimas só para assustá-las por zueirinha.
A única coisa melhorzinha no filme é o bom elenco que pelo menos se entrega de cabeça a um projeto que não merecia esses atores e atrizes. Enquanto o diretor, Nicolas Pesce, do bom “The Eyes of My Mother”, retrata bem como os realizadores do cinema independente devem se submeter a isso se quiserem trabalhar com um orçamento um pouco maior. Mas não tem como isentá-lo de culpa, até porque o roteiro do longa também é seu.
Nota: 2.0
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: The Grudge (O Grito)
Data de lançamento: 13 de fevereiro de 2019 (1h 30min)
Direção: Nicolas Pesce
Elenco: John Cho, Andrea Riseborough, Lin Shaye mais
Gêneros: Terror, Drama
Nacionalidade: EUA