“A Mulher na Janela” acompanha Anna Fox, uma psicóloga que não sai de casa porque está sofrendo de agorafobia. Ela testemunha um assassinato na casa de frente e tentará expor a verdade.
O filme está disponível no catálogo da Netflix.
Em busca de Hitchcock
Não é de hoje que as referências dominam Hollywood. Muitas décadas antes da Marvel encher os seus filmes de easter egg, toda uma geração de diretores não escondia a sua admiração por aqueles cineastas que vieram antes. Talvez o mais marcante caso entre os “autores” da nova hollywood seja Brian De Palma, que por muitas vezes prestou homenagens ao mestre do suspense Alfred Hitchcock em suas obras. Porém, De Palma sempre teve o cuidado de criar universos próprios para os seus filmes e suas referências a Hitchcock eram muito mais homenagens do que uma busca pela cópia. Dessa forma, ambos ficaram marcados na história do cinema, mesmo que suas obras apresentassem vários pontos de convergência.
E é justamente esse controle da mise en scène que falta para Joe Wright em seu “A Mulher da Janela”. O cineasta, que já fez os ótimos “Desejo e Reparação” e “Orgulho e Preconceito”, não quer apenas homenagear Hitchcock, ele tenta ser o mestre do suspense. Com isso, seu filme fica impregnado com uma tentativa genérica de reproduzir quadros, planos, trilha sonora de obras clássicas do gênero, desde referências claríssimas a “Janela Indiscreta” e “Um Corpo que Cai”, até escolhas igualmente óbvias dos filmes noir, como planos tortos para provocar desorientação, sequências de sonhos ou alucinações, excesso de sugestões à prisão com cortinas, cadeira e corrimão da escada e o próprio uso da escada em cenas chaves, muito comum desses filmes de suspense criminal das décadas de 1940 e 1950 (não à toa o filme “Laura” é citado). E a única desculpa para tais escolhas surge do clichê da protagonista que ama os clássicos.
Com isso, por mais que os elementos (fotografia, trilha sonora, design de produção) sejam belos visualmente, quando Wright tenta integrar tudo isso ao universo do seu filme, acaba soando genérico. Mais do que isso, “A Mulher da Janela” não parece pertencer ao seu cineasta, é um filme sem identidade. E se o thriller tem bons momentos isso se dá muito mais por elementos isolados, como a boa atuação de Amy Adams, que cria uma paranoia que nunca afasta o público da personagem, do que pelo controle de seu cineasta.
Mas por mais que incomode essa falta de identidade do filme ao tentar prestar homenagens super óbvias e pretensiosas, nada se compara à clara interferência do estúdio na sequência final, que abandona quase que por completo as escolhas mais “sofisticadas” para mergulhar no mais genérico que o gênero tem para apresentar.
No fim, “A Mulher na Janela” não chega a ser um desastre e até apresenta bons momentos, mas nunca consegue se sustentar como um suspense que funcione dentro de si mesmo.
Nota: 4.5
Assista a minha crítica em vídeo:
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Ficha Técnica:
Título original: The Woman in The Window
Data de lançamento: 14 de maio de 2021
Direção: Joe Wright
Elenco: Amy Adams, Gary Oldman, Bryan Tyree Henry, Wyatt Russell, Julianne Moore
Gêneros: Thriller, Drama
Nacionalidade: EUA