“Anônimo” conta a história de um homem super treinado que é levado de volta ao jogo após ser perseguido pela máfia russa.
O filme está disponível nos cinemas.
John Wick + Busca Implacável?
É muito comum o cinema, sobretudo Hollywood, por ser a maior indústria da sétima arte, criar fórmulas ou tentar repetir sucessos recentes. Isso não é algo atual, desde o domínio dos faroestes e musicais nas décadas de 30 e 40 até a atual enxurrada de filmes de super-heróis. Mas no meio dessa grande quantidade de obras populares de alto orçamento surgem algumas fórmulas que podem até ser classificadas como uma variante de gêneros maiores.
É com essa lógica que surgiram inesperados sucessos no gênero de ação com um protagonista cheio de habilidades quase sobre humanas adquiridas ao longo de seu passado e, o mais importante, com um ator que tenha mais de 50 anos. Claro que isso não é totalmente novo, Charles Bronson, por exemplo, fez toda a franquia “Desejo de Matar” com mais de 50 (franquia essa que teve um reboot recente com Bruce Willis, que já passa dos 60 anos). Mas nada que tivesse uma sequência de produções em grande quantidade como vemos desde o lançamento do primeiro “Busca Implacável”. Depois disso, o próprio Liam Neeson realizou mais duas sequências além de pelo menos mais meia dúzia de filmes semelhantes. Outra franquia que conquistou o público (e também a crítica) foi a excelente John Wick, vivida pelo cinquentão Keanu Reeves. E eis que chegamos a mais um exemplar do subgênero “filme de ação com protagonista cinquentão” (lógico que eu inventei esse termo agora, na ausência de um melhor): “Anônimo”.
Então, antes de me debruçar sobre essa obra especificamente, é impossível não traçar um paralelo com essa sucessão de longas semelhantes e tentar entender o porquê desse sucesso. De certa forma, “Anônimo” entra em um resgaste da ação de décadas passadas, quando a violência era pouco questionada e até idealizada. Ao mesmo tempo, a escolha de um protagonista mais velho vem para reforçar esse ar nostálgico de um gênero que sempre viu a vingança como solução e a morte e a pancadaria como diversão. Dessa forma, essa espécie de subgênero acaba subvertendo uma lógica mais higiênica de blockbusters, como os filmes da Marvel, ao mesmo tempo que encontra uma razão para violência que não só a de “vou fazer um filme para adultos e o público gosta de gore“, muito comum atualmente até mesmo no gênero de super-heróis.
Então, apesar de recorrer a já batida montagem hip hop para tentar construir a nova realidade do protagonista nos momentos iniciais, o diretor Ilya Naishuller acerta ao quase ironizar sua vida normal, deixando claro que aquele não é o objeto de interesse do filme. “Anônimo” não vê a ação e a violência apenas como diversão escapista, mas sim como o único elemento capaz de mover a história e nutrir a vida do seu protagonista, vivido pelo ótimo Bob Odenkirk.
Assim, o roteiro não tem qualquer vergonha de excluir pessoas “comuns” da trama, deixando a família do protagonista de lado, obrigando seu sogro e genro a abrir mão da empresa para em seguida sumir da tela, expulsando as pessoas da boate para manter apenas o protagonista e os mafiosos e permitindo que a jovem no ônibus também desapareça sem que a gente a veja novamente.
Então, o caminho fica aberto para longas sequências de violência gráfica e que inteligentemente explora diversos elementos da mise en scène, o que torna tudo ainda mais inventivo. É bem verdade que a história e até os elementos formais e estéticos empregados estão longe de serem originais, mas quem se importa com isso quando temos Christopher Lloyd, o Doc de “De Volta Para o Futuro”, no auge de seus 82 anos, matando mafiosos russos caricatos?
Nota: 8.0
Assista a minha crítica em vídeo:
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Ficha Técnica:
Título original: Anônimo
Data de lançamento: 27 de maio de 2021
Direção: Ilya Naishuller
Elenco: Bob Odenkirk, Christopher Lloyd
Gêneros: Ação
Nacionalidade: EUA