“Aqueles Que Me Desejam a Morte” conta a história de um garoto sendo perseguido por dois assassinos. Ele receberá a ajuda de uma traumatizada bombeira, que trabalhava apagando chamas na floresta.

O filme está disponível no catálogo do HBO Max e nos cinemas.

Genérico e previsível

Após escrever as obras-primas “Sicário: Terra de Ninguém” e “A Qualquer Custo”, Taylor Sheridan se consolidou como um dos grandes roteiristas da Hollywood atual. Em um processo natural (mas talvez um pouco precipitado), ele logo começou a dirigir filmes, até acertar com o bom “Terra Selvagem”. Porém, talvez a ascensão repentina do cineasta tenha lhe colocado em um patamar, como um dos grandes nomes da Warner, que ainda está longe de atingir. E isso fica evidente em seu novo trabalho, “Aqueles Que Me Desejam a Morte”, estrelado por bons nomes como Angelina Jolie, Nicholas Hoult, Aiden Gillen e Jon Bernthal.

A grande marca de Sheridan nunca foi uma trama cheia de reviravoltas muito complexas (é até nisso que ele perde um pouco a mão em seu longa anterior). Suas obras sempre tiveram como grande aspecto autoral uma certa aridez, com a construção de personagens geralmente ambíguos e uma distinção não tão clara entre bem e mal. É nisso que “Sicário: Terra de Ninguém” e “A Qualquer Custo” encontram seu tom, trazendo no primeiro uma protagonista “pura” e que justamente por isso tem dificuldade de jogar aquele jogo cruel e manipulativo.

Critica Aqueles Que Me Desejam a Morte HBO Max

Em seu novo trabalho,  Sheridan abandona por completo tais ambiguidades e sutilezas para construir uma narrativa completamente maniqueísta e vazia. Se a protagonista de Emily Blunt em “Sicário” era confrontada pelos experientes e pouco confiáveis personagens de Josh Brolin e, principalmente, Benício Del Toro, e a partir dessa desconfiança e desconhecimento da protagonista o suspense era criado, em “Aqueles Que Me Desejam a Morte” temos claramente desde o início uma divisão entre bonzinhos e vilões, em uma trama que deixa bem claro em que lugar pretende chegar. A única tentativa de trazer mais camadas para os personagens fica restrita aos flashbacks repetitivos e que pouco acrescentam à protagonista.

Com isso, nos resta apenas observar duas linhas narrativas (que no início parecem dois filmes diferentes) se cruzando em um genérico thriller de perseguição. Pouco é tirado a partir disso, além de algumas cenas razoáveis de ação, algo que o diretor já tinha mostrado saber executar em seu trabalho anterior.

É bem verdade que algumas escolhas como a do fogo criando aprisionamento e, a partir disso, uma rejeição do real no clímax em prol de uma estilização mais artificial (com grande uso de CGI), em que a imagem fica dominada pelo laranja, soam bastante interessantes. Mas é muito pouco para sustentar uma narrativa cheia de reviravoltas previsíveis e que aposta no suspense apenas em momentos isolados ou tentando esconder informações (como o passado da protagonista ou a razão por trás dos assassinos irem em busca do garoto), que no final pouco importam ou agregam ao filme. Ao rejeitar a aspereza proposta por seus projetos anteriores, Sheridan se contenta com o genérico, em um filme semelhante aos que já vimos milhares de vezes.

Nota: 5.5

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: Those Who Wish Me Dead
Data de lançamento: 27 de maio de 2021
Direção: Taylor Sheridan
Elenco: Angelina Jolie, Nicholas Hoult, Aiden Gillen, Jon Bernthal
Gêneros: Suspense, Thriller
Nacionalidade: EUA