“Lupin” acompanha Assane Diop, um fã do ladrão da literatura Arsene Lupin, que tenta fazer justiça e responsabilizar o responsável por incriminar injustamente o seu pai 25 anos antes.

A série está disponível na Netflix.

Um maniqueísmo bem-vindo

“Lupin” rejeita qualquer busca por realismo ou complexidade na disputa entre herói e vilão, dois elementos que parecem ter virado regras hollywoodianas atuais. A nova série francesa confia em um pacto com o público que permita dar vida ao que beira a fantasia, colocando em jogo a suspensão da descrença. A complexidade dá lugar ao maniqueísmo puro e simples, atraindo os espectadores por uma luta por justiça, em que um homem precisa buscar a verdade para incriminar o responsável pela morte do seu pai.

Assim, a série coloca o protagonista do sempre cativante Omar Sy no controle de um jogo em que todas as outras peças se tornam meros peões na busca de Lupin. A literatura ganha vida e transforma o ladrão em mais do que mero homenageado, ele vira o dispositivo formal da obra. Todos os personagens agem como em uma história de assalto ou literatura policial, sendo Assane o grande maestro dessa articulação.

Critica Lupin Parte 2 Netflix 2

É bem verdade que essa obsessão e esse amor (em grande parte bem-vinda) pelo protagonista tira demais o foco dos personagens coadjuvantes, não só esquecendo de desenvolvê-los como principalmente não criando uma oposição forte o suficiente. Assane se torna intocável, diminuindo assim um pouco do suspense da obra. Talvez desenvolver Guédira como uma mente oposta ao protagonista faria com que ambos se desafiassem, exigindo mais do personagem de Sy para conseguir conquistar os seus objetivos.

Mas talvez o maior problema de “Lupin” seja a dependência do roteiro pelas conveniências. A série não só se utiliza de várias facilitações narrativas, ela quase que só existe por causa desses muitos atalhos, que vão desde a imbecialização dos investigadores até detalhes menores, como um personagem deixando a porta aberta só porque o roteiro quer que outro entre naquele lugar.

Dessa forma, “Lupin” se consagra como uma divertida obra de assalto com um protagonista super cativante e um maniqueísmo simples, mas funcional. Ainda que o roteiro tenha muitos problemas, é uma série gostosa de maratonar.

Nota: 7.0

Assista a minha crítica em vídeo:

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: Lupin
Data de lançamento: 11 de junho de 2021
Gêneros: Thriller
Nacionalidade: França