“O Chamado da Floresta” acompanha Buck, um cão de estimação que é sequestrado e acaba indo parar no Alaska, onde conhece John Thornton, um homem corajoso disposto a explorar as belezas e aventuras da travessia de Yukon.
O filme foi lançado em fevereiro nos cinemas, mas ficou pouco tempo, por causa da pandemia. Ele chegou agora ao Telecine Play.
Uma aventura familiar
Dentro da categoria de aventura para toda família, o filme de cachorro é um dos mais frequentes e menos inventivo. Pouco subgêneros têm tantos clichês quanto esse. E “O Chamado da Floresta” não é diferente, o longa se aceita apenas como mais um filme genérico de cachorro. Porém, ao contrário de boa parte das obras desse tipo, o longa de 2020 opta por colocar Buck como protagonista e não o seu companheiro humano John Thornton, interpretado pelo lendário Harrison Ford, apesar de este ser o narrador da história. O diretor Chris Sanders ressalta isso ainda mais ao usar e abusar da “câmera subjetiva canina”.
Dessa forma, o filme é centrado nas aventuras de Buck até ele se tornar o parceiro de John, o que só vai acontecer quase no terceiro ato. E, por isso, não posso falar do filme sem dizer que o cachorro é quem tem o único bom arco de personagem. O protagonista começa como uma animal de estimação, é roubado e vendido, entra para uma matilha de entregadores de carta, evolui até se tornar um líder, é vendido de novo, luta contra um dono que o maltrata até encontrar John e passar a flertar com uma vida na natureza.
Por mais que boa parte das ações sejam impostas a Buck (até porque, ele é um cachorro), muitas delas partem dele evoluindo e lutando pelo que deseja. Então, como uma trama clássica, o roteiro se desenvolve a partir das motivações e feitos do seu personagem principal.
Todavia, se o arco de desenvolvimento do Buck é decente, o mesmo não pode ser dito dos personagens humanos. Todos aqui ficam presos a clichês, enquanto o filme insiste em criar um maniqueísmo barato com vilões caricatos que só servem para sentirmos pena de Buck e torcer por sua vingança/liberdade. E isso acontece não só com os humanos, mas também com o cão líder da matilha.
Sendo assim, todos que cercam o protagonista ficam presos a gostar dele ou maltratá-lo. Sanders aposta todas suas fichas no apelo forçado à emoção, clichê pobre e bastante recorrente em filmes desse subgênero.
CGI
É impossível analisar “O Chamado da Floresta” sem levar em consideração o CGI do Buck, o que reflete um problema da indústria hollywoodiana como um todo. Apesar da evolução dos efeitos digitais, a computação gráfica segue sendo muito menos crível do que efeitos práticos, maquiagem ou, como nesse caso, um cachorro de verdade.
E, por mais que o protagonista seja expressivo, tendo expressões bastante humanas, o estranhamento é gigante. Buck é a definição de vale da estranheza, não é artificial como uma animação, mas fica longe de parecer um cachorro de verdade. No fim, o visual acaba se tornando uma grande distração, chamando mais atenção do que qualquer outro elemento cinematográfico. O que não deixa de ser curioso, pois Sanders já demonstrou bastante talento no uso de efeitos digitais. Ele é um cara que começou na animação e fez ótimos trabalhos, como em “Como Treinar o Seu Dragão”.
Assim, fica claro como o filme é um retrocesso dentro do subgênero no aspecto visual. Por mais que o CGI tenha vido para aumentar o número de possibilidades cinematográficas, muitas vezes fazer um filme à moda antiga ainda é a melhor opção.
Nota: 5.5
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: The Call of the Wind (O Chamado da Floresta)
Data de lançamento: 20 de fevereiro de 2020
Direção: Chris Sanders
Elenco: Harrison Ford, Omar Sy, Dan Stevens mais
Gêneros: Aventura, comédia
Nacionalidade: EUA