“Oxigênio” acompanha Elizabeth Hansen, que acorda em uma câmera de criogenia sem lembrar de quem é e vendo o nível de oxigênio do local caindo rapidamente. Agora, ela terá de encontrar uma forma de sobreviver.
O filme está disponível no catálogo da Netflix.
Um bom thriller
Menos de um mês após o lançamento do bom “Passageiro Acidental”, a Netflix volta a lançar uma ficção científica que tem a sobrevivência e o oxigênio como questões centrais. Coincidência ou não, ambos os filmes representam uma questão que se relaciona diretamente ao que vivemos atualmente. É o poder do cinema de se relacionar de forma voluntária ou involuntária à realidade que nos cerca, já que nenhum filme vive em um vácuo.
Com isso, desde o início o longa ganha força ao nos colocar na pele da protagonista acordando, agoniada e sem saber onde está ou quem é. Com habilidade, o diretor Alexandre Aja aproveita os elementos tecnológicos da câmara para criar a exposição necessária para a história avançar, por meio de recortes de jornal, ligações telefônicas, fotos de redes sociais, entre outros. Assim, rapidamente somos jogados na ação junto da protagonista, em busca de uma saída para aquela situação.
Ao moldes de “Enterrado Vivo”, o filme corria o risco de se tornar repetitivo, por se passar em uma única ambientação super restrita, que não permite nem sequer uma ampla movimentação da personagem. Porém, o roteiro é hábil ao criar dificuldades constantes ao mesmo tempo que novas informações vão sendo apresentadas, criando pequenas reviravoltas e mudando constantemente a problemática da narrativa. Isso permite que o thriller funcione por meio da bela atuação de Melanie Laurent e da câmera de Aja, que busca ressaltar a claustrofobia do espaço.
Entretanto, apesar de criar bem o aprisionamento da situação, a direção não confia completamente no poder dos planos fechados e das descobertas simultâneas da personagem e do público. Aja então apela para a repetição da correlação entre a protagonista e os ratos de laboratório, algo que mesmo após ser compreendido nos dois planos iniciais do longa, é trazido de volta várias e várias vezes. Mas ainda pior do que isso, o roteiro faz questão de romper a lógica que aproxima público e personagem e, ao invés de se manter fiel às descobertas pela câmara, apela para a subjetividade de Elizabeth, com lembranças genéricas e super impositivas.
Só a partir disso o longa entra na grande revelação que traz discussões de ficção científica à tona. E ainda que o debate sobre a manutenção da espécie, a ética da clonagem em laboratório, a humanização e independência de sentimentos e pensamentos dos clones, entre outros assuntos, nenhum deles consegue se ampliar além de uma camada mais superficial. Assim, “Oxigênio” funciona melhor em sua primeira metade como thriller de sobrevivência do que quando começa a caminhar pela ficção científica. No geral, uma boa adição de catálogo da Netflix.
Nota: 6.5
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Ficha Técnica:
Título original: Oxygen
Data de lançamento: 12 de maio de 2021
Direção: Alexandre Aja
Elenco: Melanie Laurent
Gêneros: Thriller, Ficção científica
Nacionalidade: França