Esta semana, o Porta dos Fundos fez um vídeo brincando com o multiverso atual da Marvel e com a gigante quantidade de filmes e séries realizados e interligados.
Apesar de o vídeo ser uma sátira, há algo de muito real na indagação feita. De certa forma, isso pode ser percebido tanto no texto recente que eu fiz sobre quais obras assistir antes de “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, quanto em um vídeo realizado há algum tempo para o meu canal no YouTube, o 16mm. Neste, eu falo justamente sobre como a Marvel está “quadrinizando” o MCU.
Veja o meu vídeo abaixo:
O público vai conseguir acompanhar aos filmes?
Na ânsia de manter o seu universo de 14 anos durando por mais uma década, a Marvel teve que recorrer ao multiverso (muito comum nas histórias em quadrinhos e obras de ficção científica) para justificar a entrada de novos personagens, sobretudo aqueles adquiridos quando a Disney comprou a Fox (X-Men e Quarteto Fantástico), ou resgatar personagens já mortos (como ocorreu com Loki em sua série solo e com a Viúva Negra em “What If?…”).
A questão aqui deve partir do público geral. É claro que aqueles consumidores mais assíduos de cultura pop e páginas no Instagram ou canais no YouTube sobre o tema, provavelmente não vão encontrar qualquer dificuldade em entender cada nova obra do MCU. Já que, esses temas são debatidos diariamente nesses veículos.
Só que o risco começa quando a gente sai apenas desses fãs hardcore e vai para grande massa consumidora de cinema. Qualquer franquia para sobreviver não pode depender apenas do fãs mais fervorosos. Pois, apesar de mais barulhentos, esses sempre vão ser a menor parte da bilheteria.
A questão é que, se a própria ideia de multiverso pode ser complexa e afastar muita gente que não está familiarizado com o assunto, a exclusão do público pode ser ainda maior quando cada nova obra exige que você consuma dezenas de outros filmes e séries para compreendê-la. O que se agravou ainda mais com as fracas séries feitas pelo MCU, uma mídia diferente da que o público estava acostumado e que não atraiu boa parte dessas pessoas, e com a inclusão de obras anteriores que não faziam parte do MCU até então. Chegando ao ponto de o novo “Doutor Estranho” recorrer a animação da década de 1990 dos X-Men.
Dessa forma, resta a Marvel recorrer a uma escolha meio pobre para não perder tanto público: tornar suas obras ainda mais superficiais e expositivas. Assim, cada novo filme ou série vai obviamente funcionar melhor para quem consumiu tudo do MCU, por conta das referências e personagens. Porém, ao tornar essas novas obras mais simplórias e explicando rapidamente quem são aqueles personagens ou acontecimentos, o público geral vai ser capaz de entender e não se sentir excluído. Assim, essas pessoas talvez continuem consumindo o MCU, ainda que não tudo.
Pessoalmente, eu ainda acho que “Vingadores: Ultimato” era uma finalização ótima para o universo. E tudo que veio depois soa mais como uma busca incessante por dinheiro do que necessariamente boas ideias que merecem ser contadas.
Assista ao vídeo do Porta dos Fundos abaixo: