“A Jaula” traz um jovem tentando assaltar um carro de luxo, mas acaba preso ali dentro e se torna refém de um médico rico e que busca vingança.
O filme está disponível nos cinemas.
Muita crítica social para pouco cinema
“A Jaula” parte de uma premissa interessante, mas não sabe se resolver e se transforma em um amontoado de críticas sociais óbvias.
O novo longa de João Weiner se inicia como um interessante thriller, sobretudo na forma como o diretor visualmente resolve o encarceramento inesperado do protagonista, estabelecendo o carro como uma prisão e fechando o plano aos poucos quando o personagem começa a perceber que se tornou refém em seu próprio assalto. A grande virtude dos primeiros minutos do filme está justamente no fazer cinema, em lidar com a imagem para provocar sentimentos.
Só que rapidamente o diretor se entrega a solução fácil, os diálogos como uma forma de expor visões sobre a nossa sociedade da forma mais óbvia possível, a fim de ter certeza absoluta de que o público entenderá a “grande mensagem” do filme.
“A Jaula” então vira menos cinema e mais discurso, a linguagem é pouco a pouco sacrificada, quase como se o diretor não se importasse mais com ela. E o thriller que poderia render um bom curta de uns 30 ou 40 minutos é estendido ao máxima pela necessidade do roteiro de criticar tudo que acredita estar errado na nossa sociedade, em alguns momentos até esquecendo o real propósito inicial de tudo aquilo: o thriller de sobrevivência do protagonista.
Somos então apresentando ao médico vingativo, a fim de mostrar uma classe média e elite incomodados e vingativos para com aqueles com menos dinheiro, vemos a população da rua aleatoriamente agindo da mesmo forma, a todo instante uma apresentadora de jornal sensacionalista vem para ressaltar como a população ama a espetacularização do crime e, por fim, há a polícia para mostrar os dois lados da instituição, os que se corrompem e os que seguem firme o seu dever.
Tudo isso revestido em um filme que se torna quase um teatro de escola dada a incapacidade da cinematografia, das atuações e sobretudo do texto de passar qualquer credibilidade aos acontecimentos. Se Chay Suede ainda funciona como o desesperado encarcerado, o mesmo não pode ser dito de Alexandre Nero, que vira refém de frases de efeito preconceituosas e absurdas (ainda que condizentes com o que grande parte da elite brasileira faria). É por meio dele que o diretor coloca a mensagem do filme acima do longa e o vai deteriorando aos poucos.
Nota:
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: A Jaula
Data de lançamento: 17 de fevereiro de 2022
Direção: João Weiner
Elenco: Chay Suede, Alexandre Nero
Gêneros: Suspense
Nacionalidade: Brasil