O mercenário Tyler Rake tem uma nova missão. Ela implica no resgate do filho de um chefão do crime indiano que foi sequestrado por um rival de Bangladesh.
Nova geração de diretores de ação?
Apesar de muitas vezes ser visto como inferior, principalmente pela maior simplicidade das histórias, o cinema de ação é um dos mais difíceis de se realizar. Não à toa, o grande Quentin Tarantino já declarou que quem sabe fazer filme de ação consegue fazer obras de qualquer gênero.
E isso fica claro quando vemos a maioria dos filmes hollywodianos do gênero, cheio de sequências bagunçadas, com péssima geografia de cena, coreografia quase inexistente e que tentam trazer a emoção das cenas muito mais pelo ritmo frenético do que pela qualidade na construção e entendimento do que está acontecendo. Porém, aos poucos, começam a receber atenção aspirantes à direção que conviveram com o gênero de perto há anos, os coordenadores de dublês. Depois de Chad Stahelski impressionar a todos com a sensacional franquia “John Wick”, agora é a vez de Sam Hargreave ter um momentinho dos holofotes.
Definitivamente “Resgate” não tem uma grande história (e muito menos original). Além disso, o filme se perde bastante quando tenta construir momentos dramáticos, que simplesmente não funcionam com a proposta do filme. Ainda que algumas dessas cenas sejam importantes como respiro para a ação frenética. Um bom exemplo é a envolvendo o personagem do David Harbour, que pouco agrega para a história, mas ajuda a nos preparar para a próxima sequência de tiro, porrada e bomba.
Entretanto, como em “John Wick”, “Resgate” sabe que muitas vezes uma história simples é mais eficiente do que uma mais complexa e mal contada. Claro, se essa simplicidade vier acompanhada de boas sequências de ação. Por sorte, isso não falta no novo longa da Netflix.
Ação, ação e mais ação
Se a história é derivada demais e a construção de universo não é nem de perto interessante como a de John Wick, a premissa de um mercenário resgatando um garoto e sendo caçado por toda a polícia e exército de Bangladesh é suficiente como base para a construção das sequências de ação.
Hargreave, que já trabalhou com os irmãos Russo (produtores do longa e Joe ainda assina o roteiro) e Chris Hemsworth em filmes da Marvel, demonstra bastante noção de como usar o espaço para situar o público e criar uma atmosfera para o thriller. Esse filme definitivamente não funcionaria em uma ambientação diferente. As ruas estreitas, os estabelecimentos abandonados e cheios de quartos e a fumaça amarelada (que passa até uma certa ideia de surrealismo) criam uma identidade bastante estimulante.
E o espaço ganha uma função ainda mais importante com um diretor que sabe usá-lo. Hargreave sabe situar o público na geografia da ação, consegue conduzir a câmera junto ao protagonista, o que dá um senso de imersão, constrói cenas bem coreografas e o impacto necessário para fazer a ultra violência funcionar. Em alguns momentos, toda essa atmosfera e a forma como realizador conduz o público trazem um ar de videogame, como se nós estivéssemos controlando aquele personagem.
É preciso também dar um destaque para Hemsworth. Ele está longe de ser o ator dramaticamente mais capacitado, mas a fisicalidade por ele imposta e a forma como consegue viver o personagem de forma crível e com pouquíssimo uso de dublê são dignos de elogio.
E, claro, tem uma simulação de plano-sequência de mais de 10 minutos que é puro entretenimento.
Nota: 7.0
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Extraction (Resgate)
Data de lançamento: 24 de abril de 2020 (1h 58min)
Direção: Sam Hargreave
Elenco: Chris Hemsworth, David Harbour, Handeep Hooda mais
Gêneros: Ação, Thriller
Nacionalidade: EUA