“Space Force” conta a história do General Mark Naird, que fica a cargo das forças espaciais dos Estados Unidos, enquanto tenta cuidar sozinho de sua filha adolescente.
“The Office” militar e espacial?
“Space Force” se mostra desde a divulgação do primeiro trailer como uma sátira escancarada à bizarra política espacial criada pelo presidente Donald Trump. Desenvolvida pelo criador de “The Office”, Greg Daniels, e por Steve Carell, o eterno Michael Scott, a expectativa era alta para saber como eles iam trabalhar esse humor absurdo em um contexto político-militar.
Entretanto, o ponto alto de “Space Force” foi mesmo a divulgação, já que o resultado é para lá de decepcionante. E não se trata da clássica frase “sua expectativa que estava muito alta” ou de “você estava esperando um ‘The Office’, por isso não gostou”. Nada disso, a nova série da Netflix simplesmente não cumpre aquilo que ela mesmo tinha proposto desde seu marketing: uma sátira política.
E se alguém tentou criar uma semelhança entre “Space Force” e “The Office”, essas pessoas foram os showrunners da série, já que a tentativa é clara de trazer personagens e situações à la “The Office”, só que em um contexto militar. O problema é a série da Netflix não tem personagens interessantes ou engraçados o suficiente para cativar o público e nos fazer rir do absurdo. E isso vindo de alguém que tem “The Office” como série favorita de comédia.
Porém, se a série não funciona em um contexto geral, é necessário dizer que há sim boas sequências espalhadas pelos 10 episódios, sobretudo a partir do quinto, quando passei a aceitar melhor a covardia da obra e tentei me conectar um pouco mais com aqueles personagens. Sobretudo os dois protagonistas, interpretados por Carell e John Malkovich, trazem os melhores momentos cômicos graças ao contraste entre suas personalidades.
Sátira política?
Todavia, se a série se destaca visualmente, ao dar bastante atenção à fotografia (exceção feita ao exagero no uso da lente grande angular), ao figurino (que vira até tema da história) e aos efeitos visuais, em se tratando da sátira o resultado é o oposto. E, mais uma vez, não porque minha expectativa era alta e sim baseado naquilo que a série prometeu desde sua cena de abertura.
Qualquer obra que deseja satirizar poderosos deve funcionar tanto pela comicidade quanto pelo humor crítico. E aqui a proposta era muito fácil de se executar, pois, convenhamos, não é tão complicado zuar Trump e sua política espacial, que são uma piada por si só. Entretanto, “Space Force” não acerta no tom da comédia, que é bem irregular por sinal, mas erra ainda mais feio quando tenta criar piadas políticas, ou melhor, quando esquece de fazê-las.
Isso porque a série tem medo de ir a fundo na questão política e as piadas relacionadas ao presidente norte-americano se resumem a frases relacionando este ao tempo que passa no Twitter. E não há como negar que isso é bastante frustante, uma série que ousou propor uma crítica ao presidente, mas quando tinha a faca e o queijo na mão preferiu voltar atrás e satirizar apenas os militares e algumas decisões questionáveis deles.
Então, o que temos não é uma obra de todo ruim, mas a covardia ao não trabalhar o que se propunha faz com que “Space Force” seja uma das maiores decepções do ano.
Nota: 5.0
Crítica em vídeo:
Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre a série em meu canal, o 16mm.
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Space Force
Data de lançamento: 29 de maio de 2020 (10 episódios)
Showrunner: Greg Daniels e Steve Carell
Elenco: Steve Carell, John Malkovich, Diana Silvers mais
Gêneros: Comédia, Sátira
Nacionalidade: EUA