Um verdadeiro rockstar é, sobretudo e por coerência, uma figura que marca a história da música. Mas não só de legado musical vivem os grandes ídolos do rock. É indissociável que tamanha influência esteja ligada à rebeldia das causas, à subversão de regras, ao movimento da contracultura e anti a padronização dos costumes enquanto sociedade. Além disso, defender pautas sociais e de gênero tão importantes na sociedade é de extrema importância, afinal, o rock n roll é uma filosofia de vida que luta pelos oprimidos socialmente. Pelo menos, deveria! É justamente isso que faz do líder do Nirvana um dos maiores expoentes do gênero: Kurt Cobain denunciou estupro, machismo e homofobia nos anos 90 e reforçou a luta social contra a justiça e desigualdade.

KURT COBAIN: A SUBVERSÃO NA FORMA HUMANA

Kurt Donald Cobain, artisticamente conhecido como Kurt Cobain, nasceu em Aberdeen, no dia 20 de fevereiro de 1967, e foi o líder de uma das principais bandas de rock de todos os tempos. A vida do fundador do Nirvana acabou no dia 5 de abril de 1994, depois que o cantor se suicidou com um tiro de espingarda na cabeça.

Conhecido principalmente por composições com “Smells Like Teen Spirit” e “Come As You Are”, ambas do álbum “Nevermind” de 1991, Kurt ajudou o grupo a escalar o cenário musical da época e se postar como um dos destaques daquilo que ficou conhecido como grunge, que muitos também chamavam como subgênero do rock alternativo. E, por falar em grunge, foi em Seattle onde se instalou o berço desse gênero musical. Os “filhos de Seattle”, como são carinhosamente chamadas as preciosidades que surgem de lá, são extremamente conhecidos e queridos até hoje, como é o caso de bandas como Alice in Chains, Pearl Jam e Soundgarden, além de Foo Fighters e várias outras.

Extremamente querida pelo público, a banda foi um motores para o grande alcance do rock alternativo, tendo dominado rádios e televisão por praticamente metade da década de 1990. O “carro-chefe da Geração X” foi um dos maiores nomes da história da música e nunca será esquecido por nos ter revelado um artista que tanto fez pelo rock e por toda uma geração. Mas, para entender melhor do que estou falando, vamos conferir abaixo um pouco da vida de um Kurt envolvido em causas sociais importantes.

ROCK’N’ROLL COMO ARMA CONTRA O ESTUPRO, MACHISMO E HOMOFOBIA

É praticamente desnecessário afirmar que Kurt Cobain possui grande relevância na música e, sobretudo, no rock mesmo depois de morto, não é mesmo? Como se não bastasse ter se firmado como um dos artistas mais influentes de todos os tempos, o cantor não se satisfazia por limitar seus trabalhos apenas nos palcos: se utilizando de tamanha influência que o Nirvana lhe proporcionou, Cobain se empenhou na luta social contra o estupro e, embora esse fato tenha acontecido lá nos anos 1990, precisamos destacar a importância que ele tem – principalmente – até os dias de hoje.

Em 1991, Cobain foi entrevistado pelo NME e falou sobre o fato do assédio sexual ser tão atuante na sociedade e, principalmente, sobre a gravidade disso. O então frontman do Nirvana afirmou à época da necessidade de se eliminar o estupro da sociedade e, segundo ele, foi o fato de uma amiga próxima ter começado aulas de defesa pessoal que ele olhou para a direção da urgência do assunto, entendendo, assim, que somente educando os homens sobre a temática é que teríamos chances de erradicar o abuso sexual e tantas outras aberrações da sociedade.

“Ela olhou pela janela e viu um campo de futebol cheio de meninos, e pensou que essas são as pessoas que realmente deveriam estar em uma classe”.

O mais interessante de tudo é que, como um bom artista, Kurt deixou que seu trabalho fosse diretamente influenciado por suas ideias. Uma das provas disso foi o lançamento de “Rape Me”, do disco In Utero, como um “hino anti-estupro”. Em “Polly”, do Nevermind, outra questão super importante foi abordada por sua vez: a violência contra a mulher foi temática da composição. A música foi escrita depois que ele soube de um caso de uma menina de 14 anos estuprada e torturada.

“É sobre uma jovem garota que foi sequestrada, o cara a levou em sua van. Torturou. Estuprou ela. A única chance que ela tinha de fugir era procurá-lo e convencê-lo a desamarrá-la. Foi o que ela fez e ela fugiu. Você pode imaginar quanta força isso levou?”.

Em 1993, Kurt Cobain falou sobre a importância dos tempos de colégio para que ele pudesse construir sua visão social mais crítica. Segundo ele, não encontrou “nenhum amigo (na escola), amigos homens com os quais me sentisse compatível, acabei saindo muito com as meninas. Eu sempre senti que elas não foram tratados com respeito. Especialmente porque as mulheres são totalmente oprimidas”.

Outro fato que chama a atenção da filosofia de Kurt e da banda é a luta da causa pró homossexualidade. No ano de 1992, em um festival no Oregon, tendo consciência de uma lei que proibia a discussão sobre o assunto nas escolas, Kurt afirmou: “não sou gay, mas gostaria de ser só para irritar os homofóbicos”. À época, as discussões em torno da homossexualidade e do estigma da Aids, por exemplo, não eram tão amplas assim. O conservadorismo era um mal que ditava a sociedade e contra a qual ele se posicionava.

Kurt Cobain ainda engajou-se em defender campanhas que visassem aos direitos da mulher ao aborto, podendo, assim, interromper a gravidez com mais segurança. Ele, ainda, se empenhava em divulgar bandas feministas, uma causa importante que ele desenvolvia dentro do cenário em que vivia constantemente e no qual fazia toda sua arte.

Apesar de todo o exposto acima, o que você mais deve conhecer é a versão drogada de Kurt Cobain. Ele até pode ser vendido como um rebelde sem causa, mas não é o fato de ele ter entrado para clube de artistas que morreram aos 27 anos que deve permanecer em seu legado, mas, sim, a forma como ele se incomodava com pautas sociais de extremas importância para grupos marginalizados.

Filho de uma família operária, Kurt era uma criança hiperativa tratada de forma equivocada por remédios “tarja preta”, ao que se viciou desde pouca idade. Por mais que aparente que ele sempre tenha se envolvido com outros tipos de drogas, foi somente nos últimos quatro anos de vida que ele conheceu e consumiu aos montes a heroína.

Subversivo, Kurt Cobain era um contestador nato. Ela não se sentia satisfeito com a sociedade em que vivia: hipocrisia, machismo e homofobia, além de consumismo eram algumas de suas grandes pautas críticas ao longo da vida.

E talvez você até não saiba, mas “Smells Like Teen Spirit” foi um composição feita pelo artista como forma de ironizar uma marca de desodorantes. Outro fato interessante é que o disco Nevermind traz em sua capa uma referência à busca irracional pelo dinheiro.

E dentro do meio da música, a coisa não era diferente. Além de divulgar bandas feministas, como dito acima, Kurt sempre usava camisetas de bandas poucas conhecidas pelo público para divulgá-las.

Ter lutado e denunciado determinadas pautas sociais e de gênero não somente popularizou um pouco as discussões em torno da problemática como também mostrou como um verdadeiro astro do rock deve se portar frente a sociedade. Cobain, nos anos 1990, já dava tal importância a coisas que, mesmo anos mais tarde, ainda precisam ser amplamente discurtidas, tendo em vista que nos parece que o mundo sempre volta à estaca zero. É indispensável, portanto, destacar a importância do trabalho de Kurt Cobain não somente em cima dos palcos, como também fora deles, utilizando-se de sua influência para lutar em favor das vítimas de estupro e violência doméstica.

Fato é que essa postura anti-violência está muito ligada ao espectro político da coisa. Kurt Cobain serviu-se como porta-voz para uma geração que, no entanto, não parece ter aprendido com ele: muitos daqueles adolescentes que ouviam o Nirvana nos tempos de ouro não entenderam muito bem a mensagem da banda e, hoje, apoiam pessoas como Donald Trump e Bolsonaro, que claramente não possuem qualquer responsabilidade com as causas e as políticas públicas que visem a erradicação das injustiças sociais como um todo.

Se vivo, Kurt certamente estaria engajado em várias causas sociais. Hoje, o mundo clama por justiça e igualdade e, podendo contar com um voz tão poderosa quanto a do cantor, com certeza teria um grande aliado. Torcemos para que, mesmo 26 anos após a sua trágica morte, Kurt Cobain vibre em nossos corações como um astro do rock digno da grandeza do gênero e nos inspire a querer um mundo mais justo e cordial. Que os artistas de hoje possam ver nessa grande voz da música mundial o incentivo necessário para se incomodar com as dores do mundo e com toda a ideologia de ódio que toma conta do mundo ocidental. Que os verdadeiros fãs de Cobain e do bom e velho rock’n’roll possam se tornar adolescentes novamente e, com toda a fúria, inquietação e insatisfação, possam ser uma mola propulsora para toda causa antifascista no mundo. Que, juntos, possamos cultivar o rock’n’roll tal qual ele é: um gênero dissimulado que não aceita que lhe imputem o que e como fazer. Sejamos os donos do nosso próprio destino!

“ESTOU ENOJADO COM MINHA APATIA E DA MINHA GERAÇÃO, QUE DEIXA QUE CONTINUE E NÃO ENFRENTA O RACISMO, O SEXISMO E A HOMOFOBIA”.

Nirvana vocalista Kurt Cobain denunciou estupro nos anos 1990 e reforçou pautas sociais e de genero 1

Nirvana vocalista Kurt Cobain denunciou estupro nos anos 1990 e reforçou pautas sociais e de genero 3

Nirvana vocalista Kurt Cobain denunciou estupro nos anos 1990 e reforçou pautas sociais e de genero 2

CURIOSIDADES

Confira, abaixo, algumas das principais curiosidades a respeito da vida e da carreira de Kurt Cobain.

  • Desenhou uma guitarra para a Fender, a Jag-Stang, que mistura elementos de duas das guitarras favoritas de Cobain, a Jaguar e a Mustang.
  • Kurt Cobain assinou algumas músicas como Kurdt Kobain.
  • Há mais de dez filmes sobre Cobain, entre documentários, recriações e recolhas de home videos e participações em programas televisivos
  • Na carta de suicídio, dirigida ao seu amigo imaginário Boddah, Kurt Cobain fala essencialmente da sua falta de paixão pelo que fazia, no sentido em que não conseguia gostar dos concertos, do público, do show-off ou sequer de continuar a fazer músicas.
  • Existem várias teorias acerca da morte de Kurt Cobain que defendem que ele terá sido assassinado
  • Aberdeen, cidade natal do canto, construiu o Kurt Cobain Memorial Park, também conhecido por Kurt Cobain Landing.
  • O sinal de boas-vindas à entrada de Aberdeen tem escrito “Come as you are”, título de um dos singles do álbum Nevermind.
  • O memorial de Cobain fica ao pé da Young Street Bridge, a ponte mencionada pelo músico na canção Something In The Way.
  • A canção Rape Me chamava-se “>Wreck Me quando Cobain a escreveu.
  • Kurt Cobain praticamente só usava Converse All Star pretos
  • Cobain tem origem holandesa, inglesa, alemã, francesa, irlandesa e escocesa.
  • O nome Cobain foi herdado dos antepassados irlandeses. Originalmente, escrevia-se “Cobane”
  • A sua mãe chama-se Wendy Elizabeth (Fradenburg, de nascença) e o seu pai Donald Leland Cobain.
  • Os seus pais divorciaram-se tinha Kurt 9 anos, que o afetou profundamente
  • O estômago de Cobain era sensível: as dores constantes e insuportáveis são mencionadas em várias entrevistas e canções. O Pennyroyal Tea, chá de poejos, e a heroína aliviavam as dores de estômago.
  • A autópsia a Kurt revelou que tinha consumido heroína antes de se matar.
  • Kurt Cobain e Axl Rose, vocalista dos Guns’ N’ Roses, possuíam uma grande inimizade
  • Kurt Cobain recebeu a sua primeira guitarra no seu 14.º aniversário de seu tio
  • Estas são algumas das bandas influências do cantor: Black Sabbath, Black Flag, Led Zeppelin, Beatles, Sex Pistols, The Clash, Melvins, The Stooges ou Bad Brains

MÚSICA DE FRANCES BEAN COBAIN

Frances Bean Cobain é a filha de Kurt Cobain com Courtney Love (vocalista da Hole). Pelo que parece, a jovem pretende seguir os passos dos pais como músicos e, em seu Instagram, ela tornou pública uma música de sua autoria. Tendo publicado covers de canções famosas outrora, Frances, que é uma uma artista visual de 24 anos, passou a compor as próprias canções. Fãs da aspirante à carreira musical já foi clicada em um estúdio e, desde então, recebe uma grande expectativa de um possível lançamento. Vamos aguardar e torcer para que ela nos traga boas notícias. Abaixo, confira o trecho da música de Frances Cobain.

A PRIMEIRA VEZ QUE WENDY ELIZABETH FRADENBURG, MÃE DE KUIRT, OUVIU SMELLS LIKE TEEN SPIRIT PELA PRIMEIRA VEZ

“Smells Like a Teen Spirit” é um sucesso indiscutível. A música faz parte do “Nevermind”, segundo disco de estúdio da banda e foi lançada pela DGC Records no ano de 1991. Ao revelar a música para a sua própria mãe, o filho de Wendy: “Mãe, posso tocar minha fita? Fiz uma gravação”, para o que a mãe respondeu: “Como só estou ouvindo isso agora?”.

Kurt era um jovem de muita modéstia. Na ocasião acima, ele se ofereceu para manter o volume mais baixo, porque o padrasto estava assistindo futebol naquele domingo. Sua mãeo, por outro lado, tomada por exultação ao ouvir a composição do filho afirmou que “ele não precisa[va] ouvir o futebol” e que o jovem aumentasse o volume do som.

Tendo sido apoiado por Wendy em sua carreira musica, Kurt ouviu de sua mãe que seu trabalho “o levaria até a lua” e o quanto ela se preocupava com o fato de fama chegar um dia para o filho.

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