“Falcão e o Soldado Invernal” acompanha Bucky e Sam lidando com um novo grupo de super solados chamado Apátridas, além terem de decidir o futuro do escudo e do manto de Capitão América.
A série está disponível no Disney+.
Mensagem importante, execução falha
“Falcão e o Soldado Invernal” mostra uma Marvel sem medo de tocar em temas sociais e relevantes. Se até então o universo era marcado por algumas citações ou cenas teoricamente relevantes socialmente (talvez “Pantera Negra” seja a exceção), mas que na verdade eram apenas uma tentativa da Marvel de se mostrar como “atualizada”, essa nova série do Disney+ não faz qualquer malabarismo ao tratar sobre o racismo e as suas nuances. Com isso, Sam toma o protagonismo para si ao ter de decidir entre assumir o manto de Capitão América, e provavelmente ser hostilizado por ser negro, e deixá-lo para o governo estadunidense fazer o que bem entender com aquele símbolo nacional.
Com isso, a série investe em muitos símbolos para passar sua mensagem, sendo o mais forte deles o escudo do Cap cheio de sangue após o novo detentor do manto matar uma pessoa à sangue frio. Dessa forma, o escudo clama por Sam, que terá de vencer a barreira do estereótipo do “americano perfeito” (branco e de cabelos claros) para se tornar o grande símbolo dos EUA. É justamente aqui que Isaiah surge como mais um interessante personagem para engrandecer a série tematicamente e também questionar o protagonista.
Além disso, a série consegue criar um bom contraponto para os heróis ao inserir vilões e anti-heróis complexos como a Karli, o agente americano e a Sharon Carter. O que acaba sendo fundamental para evolução dos personagens que dão nome a série, até porque ambos nunca tinham recebido qualquer desenvolvimento no MCU.
Mas, apesar de trabalhar temas importantes de forma até meio profunda para uma obra da Marvel, a série tem uma dificuldade muito grande de resolver tudo o que abriu, criando um episódio final corrido e extremamente mal dirigido (destaque para o potente discurso de Sam colocado de qualquer jeito em uma cena que parece ter sido tirada de um filme b dos anos 90), não dando um fechamento satisfatório para personagens até então importantes como a Karli e a Sharon (finalização dentro do arco da série).
De certa forma, “Falcão e o Soldado Invernal” é uma das obras mais ousadas e relevantes tematicamente do MCU, mas ao colocar tudo isso em tela opta pelos caminhos mais fáceis e genéricos que a Marvel adota há anos, com diálogos extremamente expositivos, cenas de ação repletas de cortes e sem qualquer continuidade e uma preferência maior de posicionar essa obra como apenas mais um produto do MCU que gera possíveis consequências do que necessariamente trabalhá-la dentro de si mesma. Tudo isso enfraquece muito o conjunto final de uma série que por um lado é relevante, mas por outro se aceita só como mais um produto de transição do universo Marvel.
Ah, e antes que eu esqueça, essa série deveria chamar apenas “Falcão”, pois ela coloca Bucky em patamares mais baixos de importância do que todos os demais personagens relevantes apresentados. O ex-soldado invernal segue sendo um dos personagens mais fracos de todo o MCU.
Nota: 7.0
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: The Falcon and the Winter Soldier
Data de lançamento: 05 de março de 2021
Elenco: Anthony Mackie, Sebastian Stan,
Gêneros: Super-herói, Ação
Nacionalidade: EUA